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ALMANTE

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Que o amor que eu ofereço e sinto torne-se cada dia melhor pra mim.  Que ele seja saudável.  Que não faça mal a ninguém.  Que me preserve, me sustente, me oriente e me transforme numa pessoa melhor.  E que me liberte das ilusões. Que o amor que eu receba seja aceito por mim - nas mínimas coisas.  Para que eu veja como eu sou amado.  Por merecimento ou simplesmente por ter sido acolhido em puro e gratuito dom.

RETORNO

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Um coração ficou muito tempo numa mesma posição.  Formigou tanto que se esqueceu de sentir o chão.  Ao movimentar-se, sentiu a dor de sua função.  Ficou tão insuportável que ninguém pôde encostar nele.  Músculo (in)voluntário agora manca e, como todo orgão,  precisa de circulação.  Por enquanto não para. Por ora, bate sem pressa no ritmo necessário para manter-se vívido.  Caminho árduo este - ser apenas órgão  e voltar para o peito.  Nenhum coração gosta de ser devolvido. Deve ser por isso que se criptografam tanto.

VERLO

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Dia de recolher os pedaços que ficaram pelo chão. Caminhei como vidro, ainda que trincado, por muito tempo. Agora sou um caco. Tornei-me tão insuportavelmente bom, translúcido e quebrei  - de dentro pra fora. Não sei mais como continuar daqui,  porque minha função agora só será ferir.  Estou afiado demais...não por escolha. Efeito natural da colisão! Do que mesmo eu fui espelho? A quem mesmo refleti? C omo mostrei a imagem formada? Não importa, a projeção era invertida desde o começo. Lia ao contrário e entendia só o que eu queria ver.  Talvez porque tenha chegado perto demais. E agora eu só sei me cortar. Não vejo mais a mim. Não te reconheço.  O sangue goteja pelos braços e as pernas ainda trêmulas.  Minha voz sai calma e cansada, vulnerável mas não vítima! Materiais frágeis não ficam ilesos às mudanças e eu não transportei com o cuidado suficiente. Tem bagunças que se arrumam sozinhas,  outras só se você limpar. A verdade é que

EU EXISTI?

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Eu existi. Precisou uma luz mais forte. Porque antes o fosco era eu. Eu era o nada. A explosão deteriorou o que era e passei ao ser o estar o antes o depois e o agora. Tudo em todos mais um, não mais um deles. Ontem parecia haver coisa nenhuma, deixei de ser eu.  Simplesmente outro: estado, concepção, substância etérea, aura, seja lá o que isso for. O nada tornou-se e tudo veio a explicar-se, desde que o fluído criativo me absorveu. Pessoas não são pessoas. Coisas não são coisas. Não existem. Começam, terminam, recomeçam, determinam, em mim, comigo,através, dentro e fora. Desde aquele dia vejo o homem dando nome às coisas, as coisas rotulando o homem. E minhas mãos estão grudadas às costas. Quatro paredes brancas. Quatro bolinhas brancas e uma amarela.

EMBALA

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Embala, embala os sentidos. Transforma cada papila gustativa e degusta o momento. O aroma. Escolhe o melhor no meio da fumaça. Há muita fumaça; mas enxerga luz. Ainda há luz enquanto houverem sentidos não produzidos ou forçados, coagidos.  Sente teus movimentos transporem ao simples,  percebe sentido em cada ação, mesmo que não possa ser expressa como esperam que seja. Expõe. Expressa. Mostra. Grita. Sussurra. Mas escolhe. Escolher ser. Aproveita enquanto a flor é flor. As estações mudam quando menos se espera.

TÁCITO

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Seriam gravetos quebrados, bilhetes usados, toalhas molhadas, portas rangendo e palavras sussurradas atalhos ou pistas?  Desejos engarrafados no mar. Ecos de princípios em precipícios. Sem precipitar. O que dizem os restos de uma cripta? E a fresta de luz que perpassa insípida através de vitrais decrépitos? Sinais explícitos. Seriam as relíquias encontradas? Teriam história para contar? Ou seriam apenas objetos decorativos para ilustrar egos de colecionador? Sorrisos apontam caminhos, retornos e bifurcações. Trilhas marcadas são mais fáceis de encontrar Menos as histórias que os percursos somam. Estas são quase impossíveis de contar.