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Mostrando postagens de maio, 2012

SÃO SÓ NOMES

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Você é perfeito demais pra mim e a minha insegurança te feriu ou era algo da minha imaginação e já era hora de eu acordar? Uma palavra doce e o meu coração se derreteu já não sou mais criança para brincar de faz de conta. É difícil medir o quanto gosto de você. Só sei que ouvi o ritmo, suei a frio e sorri sem motivo. Se errei teu nome não foi por mal, pois são tantos os rostos que num instante me confundem na multidão. Uns deixam marcas, cicatrizes. Outros fazem cócegas tentando ser carícias. Mas sua presença me derrete ao ponto de me reconfigurar. É tudo tão intenso com você e me dá uma vontade imensa de ser e estar, a estória que se tornou real. Mas parece que o tempo não é suficiente para você me absorver.

REVESPERANÇAS

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As vésperas logo são às vésperas do sim, medo do não. As vésperas são as mais imprevisíveis das atualidades. As vésperas perdem a razão; quando tornam-se razão e imaginam reais impossibilidades. Às vésperas os minutos demoram demais e os sonhos roubam os sonos. As vésperas são da desilusão as mestras  da contagem regressiva. Às vésperas, não há contemplação Vésperas moram num ninho de vespas.

UFANISMOS MUSICAIS

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Ufanismos musicais para quem quer perder-se de si mesmo. De quem deseja uma pausa para ver mais uma vez o que não consegue distinguir mas sabe o que se passa, lá dentro. Sentir o pulsar de notas ressoando descompassadas, consonantes com o ritmo que no instante desacelera, percorrendo o caminho comum, de acordo com o espaço original, distribuindo sangue sem exagero, nem pressão. Do lado de dentro, sabe fluir em todos os atalhos inconscientes. O som da respiração, entre as palavras, metamorfoseiam a dor da maneira mais inteligente e irracional. Notas afinadas sobre acordes duros, são os que melhor esculpem meus gemidos moucos. Nos devaneios noturnos reside tanto do que eu sempre quis acreditar e se perdeu... De um ser profundo, agora um pouco mais sutil que diz a verdade sem mentir para si. Nesta caverna, eu sou um ermitão engravatado. E percebo outras vozes ecoando em mesmo tom. Uma melodia sem fim seduz minha alma por épocas adentro.  Um fio

DIFERENTES FORMATOS

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Hoje eu vi a lembrança de três corpos dentro de três pequenas caixas. Mais outro corpo acrescentado a um recipiente maior.  E por mais enfeite que ali tivesse, pouco representava de tudo que ali cabia.  Quando um corpo não consegue conter mais a vida,  o espaço deixa de ser suficiente pra tanto amor. A existência de um persiste na essência de outros, num recipiente muito maior, e o espírito voa livre e convive, num contexto muito maior. A vida não tem limites: permanece em diferentes formatos.

A MULETA DO INSEGURO

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A vida não é só feita de orgulhos e realizações Na fragilidade , reside a força No erro, todas as chances de acertar. Na sombra, formas não percebidas Na luz, cores confundidas No tapa, o peso da mão No beijo, a fragilidade de uma relação Percebo na sutileza do que menos aparece exemplos de mini-atos e todo o potencial destrutivo de uma reação Prefiro gestos despercebidos à atitudes racionalizadas O ímpeto é a melhor impressão As rugas denunciam tudo a lágrima é a verdadeira colisão verdades tão perenes, construídas no plano de um mundo simples é a areia frágil, a máscara contrária é o oposto do palco o avesso do que existe nos moldes dos arranhacéus quando vem o imininente tremor. Raphael Pagotto 20h13m 04/03/08

INSTANTES

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Terminar no meio não é o fim. Estar no centro não é tão ruim. Fazer uma curva só se for inclinado ou de ponta cabeça. Observar de costas, sentir com o calcanhar. No espaço vazio ainda restará eu e não adianta limpar! Sempre há um começo. ------------------------------------- Passou o momento e fiquei passou o tormento e continuei. Sempre há um desfecho. Sempre há um desvio. Sempre há um caminho que não fiz e resta tudo o que ainda não chegou. Quando eu parei pra respirar e pra tirar proveito do que existe AGORA. raphael pagotto - 27/09/08

DOIS CICLOS

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Pedalaram sobre pneus vazios. Subida ou descida sem diferença -  a marcha não funciona mesmo. Vai pagar caro pela ferrugem! A estação de trem só permite passageiros à pé. Vais andar sobre rodas que tem as marcas das minhas pisaduras. Tomara que a lembrança te faça refletir. Tomara que o esforço de  pular o muro seja o mesmo para renovar seu movimento aeróbico. Você tem calorias para perder? Eu ainda tenho duas pernas. E um motivo a mais para cuidar da minha liberdade.

DESPACHO

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Entregar em mãos para não selar, como todo mundo. Adesivar ideias para não defender pontos de vista. O branco do papel tem quantas demãos? A ponta é de metal e a escrita macia? Preferem a fonte digital à letra muda. A procedência é cópia. A palavra foi morta e estampada num emblema comemorativo. O impacto está à um passo do enter. O sujeito é oculto por arrobas com brasas e britadeiras nas pontas dos dedos. Era para ser uma carta escrita e agora se encerra numa caixa lotada, que ainda há de ser recuperada por backups.

BATENDO PONTO

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O cabelo engomado e o pescoço engravatado sobre a pele de bebê. Os dedos mecânicos de partes enferrujadas, de unhas roídas. A cabeça cheia de ideias enlatadas. Esqueço as músicas preferidas, os números de apartamento e como vivi os tickets. Para que serviram tantas assinaturas quando minhas marcas tornaram-se carimbos? Fico assim quando estou longe de mim. Todo dia de manhã dirijo-me à zona de meu meretrício, sem batom vermelho. 23/05/2011 21h50

ORÁCULO

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Às vezes VOCÊ Pára e se pergunta: e agora? Pára e se pergunta: esquerda ou direita? Pára e se pergunta:vou no banheiro ou fico deitado segurando? Abro ou fecho os olhos? Sento ou levanto? Digo ou fico calado? Ando ou paro? Como ou bebo? Minto ou falo a verdade? Nasço ou morro? Cresço ou diminuo? Mostro ou escondo? Junto ou separo? Ponho álcool ou mercúrio? Sujo ou limpo? Arrumo ou bagunço? Começo ou termino? Ligo ou ignoro? Crio ou deleto? Sinto ou penso? Amo ou odeio? Como a fruta ou acabo com esse chocolate? Gozo ou finjo? Beijo ou aperto a mão? Sumo ou apareço? Canto ou dublo? Sei ou acho? Durmo ou acordo? Afirmo ou pergunto? Creio ou duvido? Sou ou estou? Vou ou fico? Meu vício é ser oráculo.

MÓVEIS

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Na desordem das minhas gavetas, encontrei a lembrança das dívidas pagas, os convites de eventos passados, sobras de momentos doces e os desejos acumulados nas ofertas que um dia cativaram minha atenção. O meu tato percebeu o tempo amontoado em pequenas porções... tantas chaves que só abriram portões. Aquele combustível acumulado também estava lá. Por tantas vezes o procurei nos bolsos vazios, junto às moedas de nenhum valor, como tantas outras que só fizeram pesar  relações. Quando chego em casa só quero esvaziar-me das informações. Todo mundo precisa de um criado mudo, onde cada pedaço vira uma coisa só, e só faz segredo quando está fechado e só faz barulho quando se abre, confuso, afirmando que tudo está ali e ao mesmo tempo não. A maior parte do que tem em mim deve ir. Mas a menor parte do que tem ali também sou eu. Um dia eu páro e tiro tudo do lugar, pois sei que embaixo do pó ainda existirá algo que sempre se esvaziará p

APEGOS SOTURNOS

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Ó companheira noite. Do teu escuro, faço meu recôndito refúgio. No teu silêncio, despedaço todos os gritos anônimos. Desse mistério de sombras, minhas confusas formas minha aura sem cor torna-se clara, para ninguém ver. Extirpo minhas fraquezas ainda mais finjo-me de morto para não ser assassinado pelos seus próprios corruptores e saio à caça nas penumbras vitimizadas lançando meu ego à altura do teu breu Entrego-me aos seus túneis escorregadios como um vadio sem lar se abandona ao peso de restos de memórias IMORTAIS movendo alicerces, remoendo vestígios vagando, desamparado e cheio de razões incompreensíveis, incomensuráveis. Teu leito já foi o meu descanso, o celeiro dos sonhos o limite da passagem dos dias o renovo de minhas ALEGRIAS. Nestes vultos, nestes sons que não reconheço todos os meus tremores parecem iguais numa veneração exacerbada e quente. Acende, então, as fagulhas de que preciso e ensina-me a incendiar meus ol

LÍNGUA ÔCA

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No meu clã, minhas cãs não significam nada. Meus passos errantes, sem arrependimento, constantes. Se eu clamar, em meio à multidão, minha voz dissonante emudecerá. Para  ser aceito no grupo,  parte do que sou, encoberto será -  se belo  parecer aos olhos carnívoros de quem degusta, morde e cospe. As estranhas danças de acasalamento são diferentes daquelas de outrora pelas quais minhas entranhas querem sossegar. Quero ter o direito de ser vegetariano, de beber do santo cálice para devanear sem a obrigação de entretecer, socializar. A cor da minha pele tem outros tons,  os sons do meu corpo ressoam como eco Na minha tribo, várias línguas ôcas aculturam seu ser. Meu destino é ser nômade sempre às margens do rio, onde lavarei meus cabelos até amaciarem os fios. Gota a gota.

ALGODÃO-AMARGO

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Me olha. Cuida de mim. Dá-me um brinquedo e leva contigo minha parte. Parte de mim. Me parte e divide até hoje. Me olha. Cuida de mim. Dá-me um brinquedo e leva o pedaço ainda em formação. Parte de mim. Me parte. Rompe. Posso te chamar de pai, amigo, primo ou moço? - Pai! Comi algodão-amargo!! Tinha fome. Melhor que doce nenhum. Depois daqueles dias, as cores mudaram... Já as sei de cor.  Acostumei e todo dia luto para desacostumar. A dizer mais não do que sim. - Não pode, criança! É feio, não pode! - Por quê? Não se pode amar? Não uso mais brinquedos. Não uso mais nada. Apenas brinco. Simplesmente vivo. Meu filho está me chamando: - Pai!? - Oi filho, pode falar. - Tô com medo do monstro. - Filho, fica tranquilo, papai te ama.

ORNITORRINCO

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Um tragicômico. Um narciso altruísta. Um mistério claro. Um quieto megafone. Uma raiz ambulante. Um profundo que vai respirar no raso. Uma lembrança de perfume. Um defeito que funciona, ou não. Uma falha que se tornou invenção. Simplesmente humano, raro, único. Quase um ornitorrinco em evolução.

FRACTAIS

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Cultue a dúvida. Jogue. Não se dá um beijo, encostam-se os lábios. Tudo muito gelado. Comem e não sabem o que estão comendo Bebem e nem saboreiam. Não sabem o que estão bebendo e pensam sempre no próximo prato. O inteligível deformado, recalcado. Sensório e não sensório. A exaltação dos sentidos e a cauterização dos sentidos. A real necessidade nunca é preenchida. Flores de plástico.  Flores e mais flores a um real.  E todos dão rosas. Rosas e mais rosas. Adubo especial para rosas. Veneno para verme de rosas. Verme e venenos de atitudes alimentando turbilhão de sentidos. Querem todos. Mais e mais ao mesmo tempo. E eles sempre têm fome. O jogo é inevitável e o mundo representado é mais importante do que a realidade.

VOU AO AR

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Um dia não quis subir aos céus e hoje pio. Minha asa está quebrada. Como voaria se elas são feitas de penas? Vejo uma redoma cheia de listras e um limite quadrado mostra a parcela da realidade pura, ilustrada. Ah, se eu tomasse as asas da alva... minhas penas seriam leves e cheias de ar.

MENINICES

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Cambaleio nesta roda chuvas de papéis meninices de infância piões sorrateiros doces de amendoim. Escorrego em concretos numa escalada  de paredes de um corredor anseios menores, grandes desafios como aprender a amarrar os sapatos. Posso brincar até mais tarde? Prometo que amanhã escreverei o ditado mais rápido  que as outras crianças. Serei um menino obediente prometo não falar palavrão e tirar boas notas vou ser o melhor que seus olhos puderem ver. Cambaleio nessa roda e, depois de tantos anos, lembro do gosto do amendoim, com um pouco de cachaça.

TIC -T.O.C.

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Inspira expira inspira respira... Pira!! Passo outro passo, vem um pé, logo vem outro. Tropeça e finge uma dança, engana quem não tem esperança. Cria, re-cria, imita, copia. Ônibus, metrô - ai, que calor! Gente e mais gente. Aperta o botão, deixa o som da máquina rolar! Luz, câmera, ação - congestionamento. Um xingo, outro xinga - e a galera gesticula ao som do "deixa a máquina rolar"! TIC-TAC, TIC-T.O.C... PRRRIIIM, PRRRIIIM, PRRRIIIM - Alô!Pois não!? Obrigado, Tchau. - Seis horas, que legal! Passo outro passo, passo outro passa. - Oi querida! - CHUÁ, CHUÁ, CHUÁ (larari, lá, lá, laralaralá) - HMMM.... NHOC, NHOC, NHAC, NHAC. - Boa noite, vou dormir... TIC TAC TIC TAC TIC TAC. PRRRIIIMMM!

ANTROPOFAGISTA

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Era quase gente. Barba por fazer, olhos profundos imersos em manchas faciais... os músculos atrofiados não conheciam mais o sorriso. Sua pele branca não apreciava mais o Sol da manhã. Cabelos louros e compridos cobriam seus ombros franzinos e seu estômago clamava uma alimentação mais saudável. Tinha dinheiro, mas vivia numa caixa.

AFIRMATIVAS

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Qual o limite da bondade? Qual o volume do escárnio? Qual a medida da proteção? Quem se apertou mais? Quem se ampliou menos? Quem se manteve intacto? Onde a brincadeira virou verdade? Onde a seriedade virou mentira? Onde a máscara foi formada? Porque tudo aconteceu tão depressa? Porque nada perdurou tão devagar? Porque alguma coisa ao menos chega? Será que a praga terá fim? Será que a chaga terá cura? Será que a cicatriz formará? Quando o inteiro é uma metade? Quando a metade é uma parte? Quando o pedaço é um todo e nada mais? Há perguntas que são respondidas com outra indagação; ainda não estão bem formuladas ou são unicamente a resposta mais plena da convicção. Raphael Pagotto - 11/04/2012 20h11

ÍMPETOS BREVES

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Nas entrelinhas de bafos e parafernálias, nas adjacências do esquecido e do mal cuidado, na periferia do centro da cidade, prevaleceu o ímpeto de minha maturidade. Noite essencialmente obsoleta, decerto aliviada pela presença leve de amores perpétuos, quiçá breves, porém verdadeiros.

OUTRO TIPO DE AMOR

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Esse sentimento todo ainda não me traduz. É do meu suor que estou falando. Das milhares de gotículas procurando vãos, sem saber por onde escapar. Essas palavras todas ainda não me convenceram. É de um outro tipo de amor que falo, do amor ato, do calor fato a gotejar, sob uma luz qualquer a tatear, desde que não me torne artificial. 22h31 30/04/12

VÃOS PERIGOZOS

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Em algum momento fui atropelado. Não deu tempo de demonstrar intenções, de deixar de querer ou deduzir traduções. A velocidade cegou minha dor, destroçando os membros que alicerçavam nosso chão. A máquina passou como um vul to, envolvendo-me em impacto de separação. Um choque lancinante,  despertando visões turvas, tensas, mudas, presas, rubras. Ensurdeci e vivi, durante anos, num leve pulsar. Você ressurge agora como coma, remexido, e os meus órgão ainda fora de lugar. Sentes medo, culpa e peso... cicatriz da colisão. Seria a lembrança curiosa de uma vaga emoção? Resta dúvida se estamos vivos? Somos adultos, ou não? Esse acidente ainda me parece confuso... Vai entender o acaso dessa relação. 

PASSO ADENTRO

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Irei começar uma festa dentro de mim. Mesmo em silêncio, sem bater palmas, sem gritar.   Sem pressa, pularei calmamente. Será uma dança contemporânea até o amanhecer. Convidarei quem eu quiser e aos interessados - somente à estes - apareçam sem convites e sem pretensões.  Festejar comigo até a noite chegar.

BULBOS

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O poeta floreia as palavras, intercalando suas intenções entre as folhas. O profeta escara os espinhos, brotando da pele ferindo as ilusões ou protegendo os capítulos entre as estações. A natureza descansa para fazer viver a luz do olhar cativo. No aroma dos sentidos, a eternidade do momento, do nascimento ao cortejo – cada qual com seu perfume divino. Nasce uma emoção, morrem algumas lembranças. São lágrimas de chuva quando amanhece o silêncio - de onde brotam as letras. De volta aos bulbos, brotos, androceus e gineceus:  observa os que praticam a fotossíntese e os que vertem água à meia luz.  Do restante, irrita-se.  Caem as próprias folhas ou as podas lhe exercita, pois nem tudo permite ou lhe é permitido saber.  Reproduz a si meticulosamente  ou apenas deixa expandir: pelo fruto, pela pele no eriçar do pêlo,voar o pólen ao leo.  E tudo o que agora sabe,  pega da terra e conduz,  sente do céu e reluz, por causa do orvalho que restou. A pala

Lusco fusco

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Ilumina-me parcialmente. Porque há luz e sombras. Prefiro as nuances reforçadas. Gosto dos contrastes vivos. Cansei de ser saturado.