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Mostrando postagens de julho, 2012

CHORORÔ

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Tem choro que é por fora tem choro que é por dentro - e só parece sêco -  mas quer transbordar e não tem por onde, pelos olhos não quer escapar; e fica tão molhado que no vendaval as pessoas distorcem  seu sentimento -  e você parece sêco. É natural estar frio quando há água em excesso. Nem sempre quando choro, há dor. Nem sempre quando tenho dor, choro. Rio para não chorar, choro com medo de rir, medro quando me calo; porque é aí que começo a escorrer por dentro. Águas foram feitas para correr e, sem limites, transformarem-se, constantes, num ciclo que ninguém consegue impedir. Sou contra quem enxuga lágrimas. Sou contra quem evita lágrimas. Por favor, deixem a lágrima seguir o seu curso, pois tudo é uma questão de estado natural. Choro líquido, choro sólido choro que se dissipa com seu calor.

VENTO REVOLTO

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Não tenho versos nem poesia só o costume de voltar  sempre ao mesmo ponto com um olhar diferente; anteceder acontecimentos para evitar que sejam reais. Todo o meu plural singular e todos os seres humanos nas formas e expressões exatas de cada ser. Meu olhar não é mais tão dedicado evito entrar tanto, profundamente. Porque entro em mim pensando estar no outro. Conecto-me, disperso, como o vento que apenas perpassa, revolto, querendo estar em todo lugar quando bem quiser.

"PARABÉNS" - disse a poeira.

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Surpresas assim, com fita vermelha, são os presentes do acaso pra mim. Daquelas que a gente abre com cuidado para não rasgar o papel. Daquelas que a gente dorme junto e jamais coloca em prateleira. Daquelas originais que ninguém tem igual, (a surpresa também é redundante) com acabamento e personalidade. Um badulaque vivo e solto, envolto em mim. Surpresas assim merecem lugar especial elas te encontram e permanecem no tempo, como peças de colecionador.

DESFIO O DESAFIO

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Minhas garras resistirão à tentação? São novelos de lã acumulados em pote de vidro. Existe sempre um lado certo para abrir; mesmo sem o polegar, ainda prefiro abridores de lata. Sempre forço do lado errado  e a pressão me faz pensar que nunca posso. Se abrir, terei o mundo inteiro para conhecer; me perder em fios, até o amanhecer. Eu já consegui atum comer e não soube distinguir o que era carne de golfinho. Agora quero brincar sem medo dos caminhos nos quais a mistura de algodões tingidos irá me levar. Fico olhando para o pote pensando nas ovelhas tosquiadas, partidas e tingidas... Penso que depois ainda tenho todos os fios para juntar; ao meio fio da descoberta. Será que alguém pode abrir o pote? - resisto à tentação de pedir. Terei o conhecimento de juntar os fios? Será  tamanho o desejo de segunda pele?

PALAVRÃO

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Vou bater boca contigo até quebrar algum dente Quero te jogar da escada mas peço que segure pelo corrimão. Vou esfolar tua pele para descascar nossa relação preciso saber até onde isso vai chegar. Não escorregam seus dedos mais sobre a minha pele e agora apontam pra outra direção. O que lavramos juntos agora se resume a palavrão. O silêncio que dizia tudo no gesto de um beijo roubado tem outro sentido quebrado, escondido separado e coberto de uma outra intenção. E agora uma palavra curta pode calar tudo isto ou não. Não sei se devo te dar ou te pedir perdão.

MANCHAS

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Do tempo que eu era parte da fenda que me dividia em dois restam a saudade e a lembrança de adiar pra depois O ideal perfeito que cicatrizou quando a verdade convidou-me  a questionar cada certeza A mancha tornou-se cor. Ah, seu eu tivesse resposta para tudo a vida tornar-se-ia sépia ou preto e branco. Sou amigo de todas as possibilidades que agora tornam-me um e jamais o mesmo.

REPLAY

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Reencontro.  Reconforto. Reconsiderar. Retribuir. Recondicionar. Remodelar. Reutilizar. Reciclar. Remanejar. Recriar. Retardar. Remediar. Reabastecer. Reanimar. Retorcer. Reformar. Restabelecer. Retirar. Remover. Refazer. Restituir. Reunir. Remexer. Reorganizar. Reviver.

AINDA RI

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Perdi o olho do meu saci. Condenado a viver sobrecarregado  numa perna só. Ficara cego e seus pulos descoordenados destino agora, após olho colado ver de um lado só? Pendurado e caolho vive o meu saci pulando comigo só distinguindo-se  de todos os normais porque ainda ri.

NÃO JOGUE LIXO

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Me alimento de restos de pensamentos De tudo aquilo que não foi concretizado  de sonhos loucos ou fantasias improváveis. Porque todos tem um terreno baldio  onde cresce o mato onde os mendigos proprietários perambulam sem ter uma casa. Excreto uma colcha de retalhos. Piso em cacos e sobre pedregulhos fito e exercito na interpretação de recortes de jornal, rasgados à mão. Uma mistura de gostos. No fim é tudo a mesma coisa. Cubro-me mas não aqueço corto os pés enquanto olho os pedaços de papel. Demarquei o terreno com arame farpado. Comprarei roupas novas,  ingredientes frescos e pratos com sabor quando eu tirar o meu próprio documento. Aquecerei meu corpo no trabalho e na construção, nos espaços da minha própria consciência.

PRESSÃO

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Chia, parece q ue vai explodir. Roda, pulveriza a poeira se desfaz amolece o que antes ia brotar. Entristece, render ia se a água colocasse para não secar a dor de algo duro que só o vapor favorece. Ria, parece que vão te medir. Moda, ridiculariza na esteira se refaz endurece o que depois vai gozar. Rejuvenesce, perder toda a apatia da sêca ausente decretaste para não se afogar no suor de algo mole que só o labor promete.

MULTIDÃO

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Tem gente ao acaso Tem gente escolhida Tem gente que ama Tem gente que trai, sem saber o quê. Tem gente que é dia Tem gente que vai da noite ao eclipse Tem gente esperta Tem gente que só parece burra Tem gente que finge ser esperta. Tem gente encolhida e tensa Tem gente esticada Tem gente flácida. Tem gente ácida Tem gente que vai do doce ao amargo numa só engolida. Tem gente que não faz digestão. Tem gente que passa Tem gente que fica, mas não está realmente Tem pouca gente no mundo Tem muita gente no nada. Tem gente que toca  Tem gente que fura e os que nem chegam perto. Tem gente que fala Tem gente que faz Tem gente muda gritando a todo instante. Tem gente passado Tem gente presente Teria a gente, futuro?

ININTERRUPTOR

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No escuro, pouco medo. No claro, pode causar pa vor. Sou ou ruído, o que escuto? Teu silêncio a decifrar Tua voz a encontrar onde há pouco e desconheço qual é o preço? Fala e leva embora meu temor todo o meu amor é gratuito por isto tenho um preço a pagar. É o valor da minha decisão ao olhar a tua indecisão.