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Mostrando postagens de maio, 2014

ESBOÇOS

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Não sei como se veste, nem quais são seus amigos. Qual é a tua cor e o que te descolore também. Mas eu provo do gosto de teu silêncio, pois bebemos de fontes parecidas.  E em algum rosto te reconhecerei por aí, mesmo que já tenha te visto. Quando te achar,  darei-me o direito de me perder. Agora já sei como voltar para mim.

CONVERSO COM OS BICHOS

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Natureza selvagem,  tempo orgânico regido pela chuva;  aqui eu converso com os bichos.  Todos, principalmente os de dentro.  Há de se desenvolver uma linguagem própria,  compreender territórios,  respeitar o ecossistema para a preservação  das espécies que em mim habitam.

FILHO DA MÃE

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Minhas lembranças de filho da mãe não são muitas. De quando eu caí e bati a cabeça e ela veio apertar uma faca com sal no galo que se formara, do cafezinho feito por suas mãos para entregar ao meu pai, numa obra acompanhada por ele exatamente do lado da casa onde morávamos, dos presentinhos manuais que eu fazia na escola e entregava para minha avó com certa frustração, e do inevitável dia da fuga,  após uma briga dela com meu pai e muitos objetos jogados no chão- e eu tinha lá pelos meus quatro anos - migalhas nervosas do tipo ' a mamãe vai embora mas ama vocês' . Cresci aprendendo que era errado procurá-la ou falar seu nome. Alice tinha nos abandonado, traído meu pai com o amigo, sumido do mapa. Até de macumba contra o meu pai e a então nova namorada, foi acusada. Cresci assim, meio sem colo, sem ventre, sem cordão umbilical. Passei boa parte da vida tentando me reconectar. Com o espiritual, reconheci por um tempo Maria como a mãe universal, mas, ainda na adolescência, parti