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Mostrando postagens de abril, 2013

RETORNO

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Um coração ficou muito tempo numa mesma posição.  Formigou tanto que se esqueceu de sentir o chão.  Ao movimentar-se, sentiu a dor de sua função.  Ficou tão insuportável que ninguém pôde encostar nele.  Músculo (in)voluntário agora manca e, como todo orgão,  precisa de circulação.  Por enquanto não para. Por ora, bate sem pressa no ritmo necessário para manter-se vívido.  Caminho árduo este - ser apenas órgão  e voltar para o peito.  Nenhum coração gosta de ser devolvido. Deve ser por isso que se criptografam tanto.

VERLO

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Dia de recolher os pedaços que ficaram pelo chão. Caminhei como vidro, ainda que trincado, por muito tempo. Agora sou um caco. Tornei-me tão insuportavelmente bom, translúcido e quebrei  - de dentro pra fora. Não sei mais como continuar daqui,  porque minha função agora só será ferir.  Estou afiado demais...não por escolha. Efeito natural da colisão! Do que mesmo eu fui espelho? A quem mesmo refleti? C omo mostrei a imagem formada? Não importa, a projeção era invertida desde o começo. Lia ao contrário e entendia só o que eu queria ver.  Talvez porque tenha chegado perto demais. E agora eu só sei me cortar. Não vejo mais a mim. Não te reconheço.  O sangue goteja pelos braços e as pernas ainda trêmulas.  Minha voz sai calma e cansada, vulnerável mas não vítima! Materiais frágeis não ficam ilesos às mudanças e eu não transportei com o cuidado suficiente. Tem bagunças que se arrumam sozinhas,  outras só se você limpar. A verdade é que