O AR QUE EU RESPIRO


Um dia eu desejei estar no palco. Reconheci minha vida ali e não esqueci mais. 
Os anos passando e uma agonia seca me sufocava ao ponto de inundar meus olhos, quase me afogando, dentro de um ônibus qualquer a caminho de mais um trabalho. Pensei: "talvez seja tarde demais" - e a vida me responde de um jeito inusitado, com uma frase que ouvi de um grande ator que começara sua carreira aos 35 anos,proferida em uma entrevista dada à um programa banal de TV qualquer. Estava eu num bar, perdido e sujo, num lugar onde nunca havia estado antes. Completamente sozinho. Creio que são em situações assim que o momento de decisão acontece, a chave acessa e a página vira. E dali me entreguei a viver no risco, expor os sentimentos, revirar as histórias interiores em busca de verdades, entregar o corpo, usar os movimentos e a voz para que a arte os usasse e produzisse o efeito que quisesse. Desde então, não sou mais o mesmo. Não me importo se melhorei ou piorei aos olhos de quem me viu um dia, todos os dias, em trajes e padrões sociais. Mas o que eu posso afirmar é que nunca tive tanto oxigênio em meus pulmões.

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