O silêncio que liberta palavras
Recolhi muitas palavras.
E o silêncio invadiu-me para roubà -las.
Ouço desde então os vazamentos e os rangidos agredidos.
Os aparelhos continuam funcionando
mesmo quando não são vistos.
E se desgastam.
Foi lá que o sussurro do vento
ficou parecido com a minha respiração.
Perturbou-me estar vivo desse jeito!
Pois o equilíbrio todo desorientando estava surdo.
Não me ouvia.
Palavras guardadas num lugar onde não lembrava.
Pareceu me bem ficar assim : como terra sem dono,
onde o olhar não começa nem termina,
mas ninguém se apropria quando nela se encontra.
É o tipo de lugar onde a maioria das pessoas vai só de passagem.
Quase ninguém tem coragem de ser morada de si mesmo.
Só me sabe o recomeço dessas cercas que não existem mais.
E a não existência pode ser assustadora.
Mas logo vem a serenidade.
Interessante como a ausência torna o futuro lento.
E passado é o mais acelerado dos tempos.
Liberto, sinto meu presente fecundo.
Já posso ficar para sempre.
Comentários
Postar um comentário