Minhas lembranças de filho da mãe não são muitas. De quando eu caí e bati a cabeça e ela veio apertar uma faca com sal no galo que se formara, do cafezinho feito por suas mãos para entregar ao meu pai, numa obra acompanhada por ele exatamente do lado da casa onde morávamos, dos presentinhos manuais que eu fazia na escola e entregava para minha avó com certa frustração, e do inevitável dia da fuga, após uma briga dela com meu pai e muitos objetos jogados no chão- e eu tinha lá pelos meus quatro anos - migalhas nervosas do tipo ' a mamãe vai embora mas ama vocês' . Cresci aprendendo que era errado procurá-la ou falar seu nome. Alice tinha nos abandonado, traído meu pai com o amigo, sumido do mapa. Até de macumba contra o meu pai e a então nova namorada, foi acusada. Cresci assim, meio sem colo, sem ventre, sem cordão umbilical. Passei boa parte da vida tentando me reconectar. Com o espiritual, reconheci por um tempo Maria como a mãe universal, mas, ainda na adolescência, parti