BULBOS
O poeta floreia as palavras, intercalando suas intenções entre as folhas.
O profeta escara os espinhos, brotando da pele ferindo as ilusões ou protegendo os capítulos entre as estações.
A natureza descansa para fazer viver a luz do olhar cativo.
No aroma dos sentidos, a eternidade do momento, do nascimento ao cortejo – cada qual com seu perfume divino.
Nasce uma emoção, morrem algumas lembranças.
São lágrimas de chuva quando amanhece o silêncio - de onde brotam as letras.
De volta aos bulbos, brotos, androceus e gineceus: observa os que praticam a fotossíntese e os que vertem água à meia luz. Do restante, irrita-se.
Caem as próprias folhas ou as podas lhe exercita, pois nem tudo permite ou lhe é permitido saber.
Reproduz a si meticulosamente ou apenas deixa expandir: pelo fruto, pela pele no eriçar do pêlo,voar o pólen ao leo.
E tudo o que agora sabe, pega da terra e conduz, sente do céu e reluz, por causa do orvalho que restou.
A palavra que ele solta, nunca volta vazia. Carrega consigo a incompreensão oculta, o sêlo antigo, a certeza do invisível.
A frase lançada - que tampouco compreende toma vida expontânea quando a semente desperta. Assim é o poeta profeta.
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