LÍNGUA ÔCA
No meu clã, minhas cãs não significam nada.
Meus passos errantes, sem arrependimento, constantes.
Se eu clamar, em meio à multidão,
minha voz dissonante emudecerá.
minha voz dissonante emudecerá.
Para ser aceito no
grupo,
parte do que sou, encoberto será -
parte do que sou, encoberto será -
se belo parecer aos
olhos carnívoros
de quem degusta, morde e cospe.
As estranhas danças de acasalamento
são diferentes daquelas de outrora
pelas quais minhas entranhas querem sossegar.
Quero ter o direito de ser vegetariano,
de beber do santo cálice para devanear
sem a obrigação de entretecer, socializar.
A cor da minha pele tem outros tons,
os sons do meu corpo
ressoam como eco
Na minha tribo, várias línguas ôcas
aculturam seu ser.
Meu destino é ser nômade
sempre às margens do rio,
onde lavarei meus cabelos
até amaciarem os fios.
Gota a gota.
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