APEGOS SOTURNOS


Ó companheira noite.
Do teu escuro, faço meu recôndito refúgio.
No teu silêncio, despedaço todos os gritos anônimos.
Desse mistério de sombras, minhas confusas formas
minha aura sem cor torna-se clara, para ninguém ver.

Extirpo minhas fraquezas ainda mais
finjo-me de morto para não ser assassinado
pelos seus próprios corruptores
e saio à caça nas penumbras vitimizadas
lançando meu ego à altura do teu breu

Entrego-me aos seus túneis escorregadios
como um vadio sem lar se abandona
ao peso de restos de memórias IMORTAIS
movendo alicerces, remoendo vestígios
vagando, desamparado e cheio de razões
incompreensíveis, incomensuráveis.

Teu leito já foi o meu descanso,
o celeiro dos sonhos
o limite da passagem dos dias
o renovo de minhas ALEGRIAS.
Nestes vultos, nestes sons que não reconheço
todos os meus tremores parecem iguais
numa veneração exacerbada e quente.

Acende, então, as fagulhas de que preciso
e ensina-me a incendiar meus olhos até ficarem flamejantes
preciso extingui-los para ver-te de outra forma.
Quero abraçar-te de dia, noite.
Só assim saberei qual forma de amor me consumiu.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ANTROPOFAGISTA

Razões do corpo

DOS PEDIDOS QUE NÃO FIZ

saudade 171

CONVERSO COM OS BICHOS

Momento presente

PRAZERES SIMPLES

DESPEDAÇOS

TRAVA LÍNGUA