"Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive" Ricardo Reis
Era quase gente. Barba por fazer, olhos profundos imersos em manchas faciais... os músculos atrofiados não conheciam mais o sorriso. Sua pele branca não apreciava mais o Sol da manhã. Cabelos louros e compridos cobriam seus ombros franzinos e seu estômago clamava uma alimentação mais saudável. Tinha dinheiro, mas vivia numa caixa.
Meu corpo não comporta o pouco Quer tudo intenso Ficou por tanto tempo à flor da pele Elevou-se em doses Que o carinho se tornou dormente A pele grossa e o nervo que demora a enrijecer pois não descansa no afã de ser sempre pleno até doer o escroto Revolve em fantasias Pra alimentar desejos e drena tudo explode ao ponto de se esvair e me melar inteiro meu prazer me abandona Invade a culpa anônima O vazio de não existir de verdade O tempo escorre em claro e escuro O cheiro é só do que sai dos próprios sexos Deve ser por isso que nunca se encontra Evita o odor alheio O toque em lugares indesejados Apaga-se o mistério De percorrer um corpo inexplorado Sem paciência em descobrir o outro E o membro flácido ejacula precoce e tímido Quem é o outro pra desvendar meu corpo? Quem sabe da exata intensidade da pressão nos meus mamilos sou eu! Aperto meu pau de um jeito que nenhuma mão irá apertar Enfio os dedos de um jeito que só a
De tanto ser deslocado, aprendi a transitar. Quando esperava o ponteiro chegar no minuto seguinte, anoitecia. E o luar foi a única companhia. Quando muito, uma estrela cadente. E eu não sabia fazer o pedido. E ela passava rápido demais, perdia. Esperava a seguinte, mas não vinha. Até que parei de me surpreender! Depois que as horas pararam, eu esquecia o que via, até parava de procurar, mesmo à luz do dia. Era tudo a mesma coisa, sempre a mesma ladainha, só mudava a cor do céu enquanto eu me desbotava, me esvaziava e me preenchia, pelo menos de ar, pra continuar existindo. E assim me deslocar até o instante se tornar a razão mais importante de transitar. Quem sabe um dia nossos tempos se encontrem. 13/07/17 00h14
E quando a saudade nos assaltar? Levantaremos os braços, entregaremos tudo, arriscaremos a vida arrancando-nos a realidade? Morreremos por outras mãos ou viveremos livres e blindados?
Natureza selvagem, tempo orgânico regido pela chuva; aqui eu converso com os bichos. Todos, principalmente os de dentro. Há de se desenvolver uma linguagem própria, compreender territórios, respeitar o ecossistema para a preservação das espécies que em mim habitam.
Um gesto. Um olhar. Um toque.A simplicidade O sorriso gentil.A companhia. Parceria. História. Toda simplicidade. O jeito de ser. Aprendizados. Pequenos carinhos. Grandes cuidados. Olhar de verdade. Ouvir de verdade. Saber de verdade. A diferença no mundo: querer ser. Evidências que valem todo o momento presente.
Alguns prazeres são tão únicos e individuais que se tornam incompreensíveis quando compartilhados. É o que sinto agora vendo como as árvores espalham seus ramos, silenciosamente durante a noite, quando quase ninguém as vêem.
A perda chega a desconfigurar alguém. Dessa massa disforme, desse pedaço que falta e flutua, dessa ausência que nada preenche, dessa sombra tamanha onde é difícil acostumar o olhar sem luar, da matéria escura, do pó das estrelas, do céu que ainda se vê e não existe mais.... Ainda será Universo. A forma que encolhe para expandir. A Vida na minúscula partícula. A volta. O início que era - já foi um fi m. A dor de morrer talvez seja a mesma de nascer. E o que há entre estas... Ah, o que há... entre a dor de mudar de forma, de encaixar nos novos espaços, tornar presente e expandir, sobejar, gerar constelações que talvez nem vejamos frutificar no céu, lembrança do brilho do que um dia já fomos; será vida para os olhos de quem vê e se sente vazio, ofuscado por sentir-se perdido. Somos feitos dos mesmos vazios para preenchermos o espaço do todo. Mas tudo é mais além, não cabe em nós. Espaço de chão. O espaço é um pedaço de chão.
ABANDONO Não fujo mais. Se é feio ou bonito, se atrai e assusta, Não nego: meu gozo ainda dói. Tenho medos que são virgens mas agora insisto na dignidade destas vergonhas. Não quero prazeres dormentes. Que doam Que esfolem Que sangrem Que me matem estes prazeres ocultos. Levem tudo. E me deixem, finalmente, nú. Nascerei, então, com a consciência livre de toda decência impura.
Já disse palavras de todos os tipos quem sabe tudo o que poderia ter sido dito as palavras exatas, as ditas prolixas as rasgasdas feito lixas fugindo como se não quisessem dizer prendidas por muito tempo saíram e só nas sutilezas de todas as certezas apreendidas vomitei contradições inverti rotas como quem arrota sílabas curtas e grossas haviam também palavras lindas lisas, lânguidas grunhidos amorosos insossos distoantes da consoância de pensamentos verborrágicos assintomáticos, hemorrágicos, a psicossomatizar tatuagens escondidas meus ossos foram talhados de alfabeto antigo inaudito mas de significado profundo ora dizia mais vogais do que qualquer outra letra sabe o som que a gente finge que entende? é o ouvido restrito de dentro surdo abafado graves intenções marcando ritmo sinto ao me lembrar de uma voz cheia de efeitos e pouco sentido depois disso vieram as palavras mista
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