VÃOS PERIGOZOS

Em algum momento fui atropelado.
Não deu tempo de demonstrar intenções,
de deixar de querer ou deduzir traduções.
A velocidade cegou minha dor,
destroçando os membros
que alicerçavam nosso chão.
A máquina passou como um vulto,
envolvendo-me em impacto de separação.
Um choque lancinante, 
despertando visões turvas, tensas, mudas, presas, rubras.
Ensurdeci e vivi, durante anos, num leve pulsar.
Você ressurge agora como coma,
remexido, e os meus órgão ainda fora de lugar.
Sentes medo, culpa e peso... cicatriz da colisão.
Seria a lembrança curiosa de uma vaga emoção?
Resta dúvida se estamos vivos? Somos adultos, ou não?
Esse acidente ainda me parece confuso...
Vai entender o acaso dessa relação. 

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